Adriély Escouto e Julia Lorenzi
Fotos: Julia Lorenzi
Fotos: Julia Lorenzi
O movimento
hippie começou na década de 60 e teve seu fim na década de 70. Foi um movimento
de jovens manifestantes que surgiu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra
Mundial e que depois repercutiu no mundo inteiro. Eles buscavam e seguiam os
ideais de paz, amor, igualdade e liberdade e seu lema é a famosa frase Paz e
Amor (Peace and Love em inglês). O interessante é que todas as manifestações
que protestavam contra a sociedade, seu modo de organização e o capitalismo
eram pacíficas, pois eles eram contrários a guerra, por isso foram denominados
como “contracultura”. Como já foi dito o
movimento acabou, mas muitas de suas ideias ainda permaneceram, um exemplo são
as manifestações ou ideais revolucionários, vestiário e música. Respectivamente
O Fórum Social Mundial tem por objetivo buscar soluções para um mundo melhor.
Já na moda entra ano e sai ano, os estilistas investem em cores, psicodelismo,
acessórios e um bom exemplo são as saias longas que voltaram com tudo nessa
estação. E por fim, impossível não falar em hippies, música e não citar o
Festival de Woodstock, evento realizado numa fazenda no interior da Califórnia que
reuniu nomes como Janis Joplin, Jimmi Hendrix, Santana entre outros.
O movimento
hippie chegou atrasado no Brasil , no fim da década de 1960 e não pode ser tão
revolucionário e manifestado porque essa era a época da ditadura aqui no país ,
onde a liberdade de expressão era totalmente proibida.
O movimento
acabou, mas ainda existem pessoas que adotam o estilo hippie de viver e se
vestir. Apesar de não se considerarem hippies.
Atualmente
o mais próximo que existe dos hippies são os artesãos que divulgam e vendem
seus trabalhos em feiras. Em Santa Maria provavelmente você já tenha visto nos
fins de tarde “hippies” expondo seu trabalho no calçadão. A prática hoje em dia
é proibida e os artesãos esperam os fiscais terminarem seu expediente para irem
até o local para trabalhar.
Leia abaixo
a entrevista que realizamos com Carlos Augusto Bauer, 32 anos, mais conhecido
como Chambinho, artesão que expõe atualmente no calçadão de Santa Maria nos
finais de tarde.
Equipe: Onde você
nasceu?
Chambinho: Sou natural de
Três Passos, uma cidade que fica no noroeste do Rio Grande do Sul.
Equipe: Há quanto tempo já é hippie?
Chambinho: Faz 14 anos que
estou na estrada assim.
Equipe: Porque você decidiu viver assim?
Virou hippie por quê?
Chambinho: Porque eu
queria viajar pelo mundo, me sustentando e não tendo moradia fixa. Na verdade
eu não sou hippie, hippie foi um movimento que ocorreu entre 1964 e terminou em
1972. O movimento teve início e fim, era formado por jovens que não trabalhavam
e eram bancados pelos pais. O que a gente faz é diferente, eu trabalho e me
sustento sou um artesão nômade. As pessoas acham que somos vagabundos, mas nós
trabalhamos.
Equipe: Segue alguma filosofia?
Chambinho: Não, estamos
aqui trabalhando e buscando o que todo mundo quer: dinheiro.
Equipe: Como aprendeu a fabricar os produtos
que vende? Como é o processo, onde encontram materiais?
Chambinho: Aprendi vendo
os outros fazerem. Aprendi com a vida. Quanto ao processo nós compramos o arame
nas capitais e as pedras, nós compramos onde lapidam, em Lajeado ou Soledad.
Equipe: Você já sofreu algum tipo de
preconceito?
Chambinho: Sim e muito,
mas eu tento abstrair. Na verdade toda pessoa é preconceituosa, todos temos
algum tipo de preconceito em relação alguma coisa mesmo que a gente não
perceba.
Equipe: Já teve problemas com a polícia?
Chambinho: Sim, já tive
muitos problemas com policiais, já apanhei várias vezes, mas em todas foi por
causa de preconceito. Nós trabalhamos, mas as pessoas não entendem isso.
Equipe: Já teve envolvimento com drogas?
Chambinho: Sim,
eu já usei todo tipo de droga, mas hoje eu só consumo bebida alcoólica que eu
considero a pior droga que existe. Eu não faço apologia ao crack, eu odeio essa
droga.
Equipe: Tem família? Como sua família reagiu
quando você decidiu que viveria pelo mundo? Eles aceitam o seu modo de viver?
Chambinho: Olha, como já
faz 14 anos que eu estou nessa acredito que já se acostumaram. Uma vez cheguei na
casa onde eu morava e meu pai perguntou: “Tu não vai arrumar um emprego de
verdade agora?” Mas eu trabalho todo dia, as pessoas não entendem que é um tipo
de trabalho só porque não é regrado como os outros.
Ainda em
relação à família, eu tenho dois filhos, mas eles não vivem comigo.
Equipe: Você viaja sozinho ou com grupos?
Chambinho: Na
maioria das vezes eu viajo sozinho, mas às vezes encontro pessoas com afinidade
e viajamos juntos.
Equipe:
Porque a maioria dos “hippies” ou artesãos nômades são jovens? Porque é raro
ver alguém de idade mais avançada nesse meio?
Chambinho: Eu não sei, mas
não me vejo fazendo outra coisa na vida, eu gosto muito do que faço gosto do
meu trabalho. Até já tentei fazer outra coisa, mas não deu certo.
Enquanto a
entrevista era realizada o artesão foi questionado por um cliente se estaria
ali no outro dia e ele disse: “O amanhã não me pertence, nem o hoje. Não sei
onde vou estar daqui a pouco, que dirá amanhã”.
Quem estava junto com Chambinho era Suélem Corrêa,
22 anos, também artesã. Ela nos contou que leva uma vida normal, mas que seu
trabalho é esse. “Meus pais não são a favor, mas também não são contra até
porque é o jeito que me sustento.” Suélem é natural de Santa Maria e é
estudante do terceiro ano do ensino médio no Maneco.
A estudante
concordou com o outro artesão em relação ao fato das pessoas terem preconceito
porque eles trabalham com isso. “As pessoas acham que somos vagabundos, que
ficamos sem fazer nada. Uma vez cheguei na aula e um colega meu, militar estava
contando sobre a época que passou no campo os dias no sol e na chuva,aí eu
falei que meu trabalho também era pesado e que de repente eu tinha mais calos
que ele. Ele duvidou e então mostrei minhas mãos que estavam cheias de calo e a
dele estava lisinha.”
O pouco que
sobrou da cultura hippie é visto com olhos tortos pela sociedade,
principalmente pelo fato do movimento estar relacionado com o uso de drogas.
Porém nem todos são adeptos delas, mas ainda assim acabam sofrendo preconceito
por isso. Nessa sociedade cada vez mais desigual e desumana, talvez o que nos
falte sejam os ideais que eles carregavam, ou seja, igualdade, amor e paz.
Reportagem feita para a aula de Português Instrumental 2
Muito boa a entrevista!
ResponderExcluirInfelizmente todos nós temos preconceitos com as coisas que são diferentes do nosso dia-a-dia ou daquilo que não entendemos.
Normalmente vemos essas pessoas ali e nem nos damos conta que estão ali porque gostam de trabalhar com isso, gostam desse tipo de vida que levam, e é isso que as pessoas, que se acham normais, não entendem.
E aquela frase: "O amanhã não me pertence, nem o hoje. Não sei onde vou estar daqui a pouco, que dirá amanhã" é muito boa para refletir!
disse tudo, otávio!
ResponderExcluirSó achei nada ver ele dizer que não tem nenhuma filosofia,que está nessa só por grana.então prova que ele não batalha por nenhuma mudança pois não tem nenhuma filosofia,é capital purooooo
ResponderExcluirFilosofia pura e rica modo do estilo de vida eu sou artesão nomande vivo da minha arte da do que faço com amor expor e expandir as energias positivas ☮☯️🕉🌼🌺🌻🍀✌🙏
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